Magnólia: Óleo para as dobraduras.

Divirta-se.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Óleo para as dobraduras.

Insatisfatoriamente lento.
É preciso que eu processe alguns sentimentos, algumas ranhuras na pele, alguns entraves no coração.
Eu preciso dizer algumas palavrinhas doces, eu preciso me despedir direito, porque tudo passa muito rápido e também é muito rápida essa coisa de adquirir defeitos.
Veja o dia de ontem. Foi embora sem que eu admitisse que não tive tempo de vê-lo passar.
E pensando agora, foram muitos os anos que seguiram o caminho do desaparecimento. Onde estão?
Agora está tudo tão perfeito. Tão perfeito.
Então posso ser gentil. E olha só, eu errei muito, mas lembre-se apenas de quando fui graciosa. Graciosa e um pouco atrapalhada, com o cigarro entre os dedos e minhas longas pernas desequilibradas.
Não guarde rancor. Eu tento não guardar também. É um pequeno trato, mas se quiser não façamos trato algum. Vamos ser honestos e nos detestar apenas por pequenas coisas. Coisas simbólicas até. Vamos detestar nossa incapacidade de apesar desejar sermos completamente sinceros, ainda sentimos medo de não sermos aceitos por isso.
Que tolice, my dear. Que tolice.
Eu digo ‘olá’, mas antes que a frase termine, me despeço.
Vamos refletir sobre o fato de que a vida segue. Não sejamos, porém, nostálgicos ou deixar que passemos por bobos, apegados demais a pequenas leviandades. Deve existir um filme que fale disso. Um poema, um disco. Alguma letra do Roberto Carlos ou uma balada hardcore.
Há sempre um contexto nos esperando para que possamos deitar nossas cabeças, encaixar nossos ombros. Dar um berro, um trago, tomar um porre daqueles.
Tudo a seu tempo, devo insistir.
Mesmo que insatisfatoriamente lento, perfeitamente equilibrado.

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