Eu vou pra casa. Não sei onde.
Eu sou daquele planeta que se chama distante.
Eu vou para o meu quintal e ele se parece com a França, onde, porém, nunca estive. O meu quintal é a França que só existe em mim.
Eu vou saltar deste trem em movimento. Como quem chama um táxi, pego carona com o vento, caio estatelada ao chão. É preciso antes de tudo, crer na ilusão de qualquer coisa. Eu sou daquelas que ainda deveria crescer, mas o tempo de crescer já passou; sou o produto de anos e anos tentando ser inteiro, coerente e feliz, tudo isso por um triz. Tudo isso balançando num varal dentro de mim.
Eu vou trabalhar para não macular minha honra. E onde trabalho o dinheiro nasce em árvores, os clientes são como crianças e me pedem de coração aberto: ‘faça-me feliz’. E daí eu faço, apresento o objeto do desejo, o objeto que não tem preço, tem valor, é revelia. Onde eu trabalho sou Bill Gates com um toque de Oprah Winfrey; e o meu corpinho é violão.
Eu vou ser tua amante. Por um dia, numa tarde de sol quente, num quartinho baratinho de um hotel vulgar e sujo. Vamos acender nossos cigarros, beliscar um ao outro, dar mordidinhas. Vamos rir de tudo e todos e quando chegarmos em nossas casas nós abraçaremos a solidão e o desespero. Dormiremos sujos e imperfeitos.
Eu vou parar com isso e ser pura e ser santa e não vai parecer insosso ou como uma daquelas coisas que nos traz arrependimento no final da vida.
No final da vida estarei em paris, que é o meu quintal.
Divirta-se.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
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