Magnólia: dois dedos, sem gelo.

Divirta-se.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

dois dedos, sem gelo.

Será que ele vai me largar para ficar com outra menos problemática, daquelas que quando estão falando sobre uma coisa dizem exatamente as palavras certas, diretas, sem confundir ou filosofar? Será que ele vai se cansar do meu blog, dos meus textos cafonérrimos e daqueles que ele não consegue entender porra nenhuma? Será que um dia ele vai chegar do trabalho certinho que ele tem, e vai desejar uma mulher que também trabalhe certinho e não passe horas questionando o sentido de tudo, querendo desenvolver uma série de filosofias para cada gesto ou expressão do mundo inteiro? Ele vai detestar que eu beba. E beber é coisa pra homem, vai odiar que eu fume, bem agora que ele parou. Vai detestar que quando bebe dorme e eu acordo e fico como uma louca alucinada querendo falar sobre os mistérios da vida, usando um decote profundo. Eu fico rindo do que é para não rir. Eu sou a primeira em todas as gafes. Eu reparo até o último cada palavra que sai da boca de quem abre a boca perto de mim. Eu reparo na roupa, na unha, no cabelo e nas palavras, inclusive as não ditas. Eu sou terrível.
Será que ele vai esquecer o que nos fez ficar juntos e assim, de repente vai olhar para mim com aquele desprezo que só quem já amou muito é capaz sentir; vai dizer: ‘tô vazando’.
É isso aí, eu vazo, eu escorro, eu derreto horas e horas de pesos e significados, de coisas que li, de coisas que eu vi e coisas que eu sei, mas não sei ao certo quando, onde e por que. Eu sou berro quando ele quer silêncio, eu não sei como calar a boca eu não sei a hora de parar. Eu me canso da conversa das meninas, eu faço perguntas que ninguém quer responder. Não entendo quando a garota bonitinha que só fala abobrinha vira para mim e pergunta: ‘que Elis Regina’?
Ele vai cansar do meu olhar calculadamente planejado, da minha necessidade de correr perigo e de ser careta quando todo mundo é louco e ser louca quando deveria ser careta. Esta frase já o cansou. Esta frase já o fez pensar em desistir. Eu não funciono na sintonia perfeita da humanidade daqui. Eu não entendo se o problema daqui sou eu.
Se ele me largar por outra menos problemática, toda certinha, coberta de uma roupa de visco lycra e um perfume Marina de Bourbon, que alias de Bourbon só conhece esse, ah se isso realmente acontecer, mais uma vez vou ter certeza: o problema definitivamente não sou eu. Será?

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