Abri aquele e papelzinho quase sem esperança, não poderia me deixar iludir por aquela folha rabiscada em lápis grafite guardada há tanto tempo na carteira.
Aquele era mais um jeito de me reencontrar, de juntar os cacos, de seguir em frente, mas que poderia não ser diferente de todas as outras coisas que faziam promessas similares e na verdade, apenas causam certa nostalgia ou até mesmo rebeldia, pois não modificavam o futuro e ainda supervalorizavam o passado.
Desdobrei o bilhete sem convicção, e enchi os olhos com aquelas estrelas rabiscadas e aquela letra feminina e espalhafatosa, tão cheia de personalidade. Deixei-me surpreender com as palavras, todas exatas, servindo perfeitamente para o que queriam dizer. E não era essa a obrigação das palavras afinal?
Elas eram sim de um incentivo tremendo, eram elogios de quem quer encorajar seguindo uma linha meio auto-ajuda new wave. Era a cara dela dizer aquilo sem que aquilo fosse piegas, sem que soasse falso, sem que fosse um jeito de ela parecer bacana e altruísta apenas para ser bacana e altruísta.
Logo nas primeiras linhas ela disse ‘amo você porque te admiro, e só sei amar assim’. E aquilo é latente até hoje, eu também só sei amar assim. Esse gesto é maior que um simples ‘amo você linda’ que as amigas dizem umas as outras, mas só o dizem por que pensam que isso é tudo que a outra possa querer, dizem por que se sentem superiores e isto vai servir de afago e aquietar aquela pessoinha de sorte. Amo você porque te admiro. E não são tuas roupas, mas tua irreverência ao se vestir assim. Amo você e não teus livros, mas tua vontade de ler e tua capacidade de me inspirar à leitura. Amo você e não teu dinheiro e os lugares que freqüenta, mas tua vontade de servir o melhor aos que estão a sua volta e de levar para onde vai um pouco de tua luz e tua personalidade própria, que, mesmo repleta de inseguranças bobas é forte como uma rocha e só tua. E isto é o digo a você, porque tuas palavras naquele papel gasto e marcado com dobras e sujeiras me fizeram dar um passo adiante hoje, desejosa por ver brilhar a luz das tuas pequenas e magníficas estrelas no meu caminho.
onde vou, levo vc comigo.
Divirta-se.
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2 comentários:
Podia ser por acaso... mas não foi, eu sei que não foi!!
Aquele papelzinho com apenas uma dobra central deixado no tamanho exato do bolso da minha carteira estava ali porque eu precisava dele... Estava ali porque ele dizia exatamente o que eu precisava saber... naquele dia principalmente!
Era uma fonte qualquer, de um computador qualquer, sem estrelinhas nos "ís" mas com brilho incomparável, e nele eu via tudo o que eu precisava...
Era um dia daqueles... Faltava um colo, faltava uma palavra descontraída... Um balde de sorvete...Haagen Dazs!!! Qualquer coisa que fizesse com que aquele dia difícil ficasse no esquecimento. Como definir um ser humano em duas ou três frases? Pois aquele papelzinho tinha esse poder... não aquele poder sobrenatural que agente já ouviu falar mas nunca viu de verdade... mas o simples poder de confortar, como um abraço apertado ou quem sabe como um elogio feito na hora certa... Podia não ser tudo verdade, eu nem precisava ser tudo aquilo que aquele papelzinho dizia... mas que eu queria eu queria!!!
Quem o escreveu tinha propriedade para fazer... Sabia bem sobre quem estava falando e sabia porque falava.
Ler tudo aquilo me deu ânimo...
Me deu força... e não precisei do tal balde... Cookies and Cream meu preferido... Só precisei abri-lo.
Saber que em algum lugar, minhas estrelas também refletiram algo de bom em um outro alguém (tão especial) só me fez ter ainda mais certeza de que o Acaso é uma desculpa modesta que inventaram pra dizer que agente não tem culpa das coisas boas que nos acontecem... Por que não receber esse crédito? Por que aceitar que foi obra de qualquer divindade e não aceitar que você buscou aquilo?
E se a tal história de que você atrai aquilo que transmite for mesmo verdade (e realmente eu acredito nisso) sinto-me feliz por ter atraído tanta coisa boa em minha vida... e não com papéis, nem tampouco "fazendo tal papel", mas simplesmente buscando no outro aquilo que talvez me faltava e me doando da mesma forma... A tal história de fazer o bem não importando á quem, só que nesse caso importava!!!
E importa até hoje... Importa porque você se faz presente mesmo distante... De tão longe, te sinto tão perto...
E o brilho que você vê refletido no seu caminho não são as minhas simples e mal traçadas estrelas... Talvez só agora você tenha percebido o que acontece por onde você passa!!!
Te levo comigo também... pra onde for, com eu quem for!!!
Beijos
Cléo.
pode-se dizer que esta troca de papelzinhos foi muito promissora. um bilhete pra salvar o dia, qualquer dia, e pra sempre. vc é foda. e eu nem queria falar palavrão depois de tantas palavras dignas, mas é isso aí, vc é foda num mundo de fodidos e fodinhas. e é bem isso aí.
e ah, nem preciso dizer...
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