setembro

Passou mais uma vez agosto. Desses já foram tantos, guardo ainda pedaços de outros. Não há como ser inteiro, há sempre o fragmento de um carnaval passado, metades desconexas, farpas inéditas a espera da descoberta; guardadas sob a pele.
Vez ou outra tento arrancar de mim algo novo, a poeira insiste em cobrir meus gestos, é preciso o olhar atento e a vontade de mudar, não o que já está feito, mas o que ainda há por vir. Não será tolice se for honesto, nobre também nunca será. Eu diria que é obrigatório, é necessária a reinvenção, o novo contexto.
Vez ou outra perco a chance, espero que venha outra, mas já estou ficando cansada das expectativas que invento.
Vejo meu olhar no espelho, ele me acusa de infidelidade. É preciso um talho na garganta, mas não que eu queira ver sangue. A minha busca será sempre pelas palavras.