Ela entra na sua vida e no começo é uma beleza. Pausa para o café, risinhos, brincadeiras. O trabalho é impecável, sua bancada nunca esteve mais limpa. Suas roupas cheirosas, organizadas. E assim segue, até o segundo mês, quando se tem sorte. Um pouco antes para os mais honestos. O time muda, a piadinha fica fora de hora. A roupa atrasa. O banheiro embolora. A Coifa mergulhada em gordura, ligações para fora do estado.
Até a comida some, o bolo acaba! Você faz o café, vai pegar o bolo, cadê o bolo? O perfume! Ela está usando o teu perfume. A casa cheira mal, mas ela? Ah! Como está cheirosa! (foi preciso que neste momento eu abandonasse o ritmo do texto e usasse uma ou duas exclamações).
Ela entra na sua vida, arromba sua privacidade. Sabe o que você come, até que horas dorme. É ela quem tira suas calcinhas do varal. Sabe dos livros que você lê, dos filmes que você aluga, se você gosta da sua sogra ou não. E quando não há nada que se possa fazer a não ser exigir que ela se vá, que ela suma, desapareça, verá estampada ali a satisfação alheia, de quem sabe demais, de quem viu demais e está por cima da carne seca. É uma pena, penso eu, não adotarmos o esquema de segurança dos italianos. Os bons e velhos italianos, a grande famiglia italiana.
Divirta-se.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário