não convidado

Gael, tem um rato na cozinha.
Talvez branco, talvez cinza. Não se sabe a descendência dele. Ele pode ter escapado de um laboratório de biologia, ou ter vindo ali da fossa. Sabemos que é muito esperto por ter conseguido subir até aqui em cima.
Sua casa é a cozinha. Passou correndo feito o coelho de Alice. O que não é nenhuma maravilha, já que seu interesse é o nada atraente, latão de lixo. Tão pouco usa colete, ou sabe ver as horas. É um intruso Gael. Um estrangeiro de tocaia em nossa casa. Não que ele queira nos pegar, nos morder, nada disso. Seus interesses pessoais baseiam-se num naco de pão, restos do macarrão, que por sinal estava carregado no queijo. Ratos adoram queijo Gael, só não me pergunte por quê.
Pensei em te contar assim que soube; esse mundo para o qual você virá tem dessas coisas. Estas pequenas surpresas clandestinas. O que fazer agora com esse rato? Creio que não será fácil nos livrarmos dele. Mas isso tem de ser feito, ou logo teremos uma família completa, pai, mãe, tia, tio, bisneto. Eles são rápidos nisso também.
Mas matar está além do incomodo que sinto ao pensar no rato. Basta que se dê um susto nele, contratar um gato. Mas aí quem sai é teu pai, que não pode ver um gato, acredita?
Espero resolver tudinho antes de sua vinda, espero pensar em algo que possamos fazer. Talvez estando aqui você o espante, leãozinho como é, com certeza ele terá muito medo de você. Ah terá...