Magnólia: Patatí e Patatá

Divirta-se.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Patatí e Patatá

Os desejos do outro. Atender as necessidades que batem à porta alheia para ter a satisfação de agradar alguém, convém?
É confuso ser do outro. O desejo de ser inteiro nunca nos abandona. Dividir a cama pode ser pesadelo ou glória, dias de paraíso vem e vão, muitas vezes em intervalos longos, intermináveis.
O outro espera, ou assim pensamos. Nunca há nada definido e se agradar é preciso, a dificuldade é saber até que ponto, ou acima do quê.
Faz mal para mim o que faz bem para você?
Os desejos do outro podem nos tornar escravos, acomodados quando se é esperado pouco, ou sufocante, quando sentimos que não somos nem parecidos com o que se espera de nós.
Não há como fingir muito tempo, ficar prisioneiro da idealização de terceiros usando uma máscara que na maioria das vezes apenas convém. Mas e ai, estamos aqui para isso?
Terríveis também são os enganos, aqueles que por simples dedução, agarramos como verdade absoluta. A ilusão às vezes cai como uma luva, mas ela é feita de areia, e qualquer um pode entender o porque.
Nossas falhas, as que pelo menos sabemos que carregamos, nos pesam o dobro quando temos assim tão perto os olhos do outro a vigiar (Se ele me achar feio, ou chato, ou bobo, serei ainda mais feio, ou chato ou bobo). Passamos a ter certeza de que o outro vê o que antes apenas nós víamos e que ele nos aponta, nos tortura com tantas informações íntimas. Assumimos o papel de vitimas e nos encolhemos dentro da roupa; aí não dá outra, ficamos parecendo palhaços de circo que têm suas calças presas por vergonhosos e frágeis suspensórios. E tudo para que?
Entreter o outro. Deixar de ser você.

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