Agora sou eu;

Tem um cara do meu lado tentando imaginar se a minha calcinha é de algodão e se eu falo palavrão enquanto transo.
Tem um outro cara meio tímido questionando meus valores pelo título do livro que estou lendo. Eu também não gosto de auto-ajuda, mas esse foi presente.
Tem uns caras na minha rua que quando eu passo ficam comentando que devo ser isso ou aquilo, e que só posso ser mesmo muito metida com o meu super relógio brilhante. Este também foi presente, mas eles não sabem nada sobre a minha vida.
Teve um cara muito estranho que não soube direito como lidar com a minha espontaneidade e acabou acreditando em coisas que eu nunca quis dizer, e só ele quis escutar.
Eu tenho um amigo que me pergunta sobre os caras que eu conheço e eu vivo dizendo que o problema dos caras que eu conheço é que vivo dando um jeito pra que eles não saibam direito qual foi o bicho que me mordeu. Ou quem eu sou.
Eu sei que eu não deveria complicar a vida desses caras. Na verdade estou um pouco cansada de fazer tanto esforço para enforcá-los na praça pública da minha vida.
Estou cansada de tentar adivinhar o que foi que disseram.
Eu só não desisto por que tem um cara aí que não quer mais saber, e eu quero saber o porque.
Ele diz para eu não me envolver com as conversas mesquinhas, com as mentes vazias, com as conversas de vizinhas frustradas porque seus maridos não comem mais em casa.
Na verdade ele já não me diz nada. Eu estou tentando adivinhar, ainda.
Esse cara aí, me faz rir muito com as frases complicadas e os defeitos que se deus quiser irão desaparecer logo.
Ele desencana quando eu já estou no limite; grava todos os meus palpites e faz piada depois.
Eu não sou doida. Talvez um pouco maluca, mas quem tem gosto pela vida, normal nunca será. Que graça teria?
Ele bem que poderia me dar crédito.
Não é todo cara que me faz abaixar a cabeça no meio da pista, coisa que até o cara gordinho não acreditou. A gente riu tanto.
Esses caras não sabem da metade.
O que eu queria mesmo, era contar tudo só para ele.