Puta merda. Ela bebeu todas. Trançou as pernas até o banheiro, escorregou entre o vaso e o cesto. Bateu a porta com força, não deu descarga, deixou o copo de vodca sobre a pia molhada. Puta que pariu, ela atendeu ao telefone sem saber quem era; e era ele, e ela só falou merda, e entregou o ouro, deu as pistas, fudeu tudo.
Ela dançou como uma louca, cantou todos os refrões, foi o próprio vocalista, sentiu-se como se tivesse escrito a música; e jota quest era sua banda favorita; era a sua banda, enfim.
Ela não teve finesse quando foi apresentada para o proprietário da casa, reclamou da falta de garçons, reclamou do som, da lotação. O indivíduo então desistiu de pegar seu telefone, lhe deu um chopp gelado e um tchau idem. Ela saiu rebolando, ela saiu de si.
Passos frenéticos, movimentos nada propositais, as amigas incentivam, o namorado da amiga agüenta calado toda história da sua vida, entre as expressões, “eu sou a mina” e aquelas do tipo “eu sei exatamente o que estou fazendo da minha vida, porra”. Ele sabe, ele sabe.
Ela não tem freio, ela não têm parada. Talvez tenha uma ressaca moral no outro dia.
Mais música, mais vodca, mais tropeços. O cara que pede o telefone, o cara deve estar bêbado. Ela nem vê o cara, ele não tem cara de gente bacana. Ele não terá mais rosto no outro dia. Puta merda. Vai pra casa, deita, descansa.
Mas a noite não tem fim, a maquiagem sim, e já venceu, lhe falta percepção, tudo é muito lindo, ela pensa ser uma diva, ela já está na fase de borrão.
Finalmente, cama, cama, travesseiro. E, caralho, um celular. Não liga. Liga. Não atende. Destino, ele atende. Não entende nada, não tem palavras, resta o pensamento, “puta que pariu, ela tomou todas”.
Divirta-se.
terça-feira, 2 de maio de 2006
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2 comentários:
Po, é fato verídico? Que coisa, hein... faz tempo que não tomo um desses (e, acredite, não passaria pela coisa do escorregão). Nada nada, está excelente.
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