Magnólia: Pirraça;

Divirta-se.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Pirraça;

Eu pisquei pra ele.
Ele me sorriu.
Foi uma coisa meio sem nexo, que valeu a pena ser alguma coisa.
Eu apertei a pasta de dentes no meio hoje. Essa não será a última transgressão do meu dia.
Está frio pra caramba; está chovendo; está caindo o céu da minha boca. Tudo derrete dentro de mim.
Eu sorri pra ele, que sem graça, quase engasgou com o pão de queijo. Ele vacila enquanto eu oscilo.
Com este tempo eu sou mais instável do que nunca.
Ora vem o desejo de pipoca, namorado e edredom. Ora me dá vontade de borrar o baton com qualquer outro desgarrado que puxe ferro na academia; eu diria coisas sacanas e o levaria pela mão até o inferno mais próximo, mascando um chiclete de hortelã.
Folheio a revista buscando sapatos na cor púrpura. Quem os usar será eleita imediatamente minha musa, e quando eu os comprar levarei para passear todos meus fantasmas. Estarei em traje de gala, em alguma comemoração pagã; tomando um conhaque; tirando um sarro.
Eu disse a ele, “vem cá”.
Eu disse que ele poderia buscar minha água, acender meu cigarro, me pegar às seis.
Ora vem o desejo de tê-lo por perto, ora vem o desejo e tê-lo submerso na minha lista de babacas e caras errados.
Ele não está disposto a viver meus traumas, a esperar minha cura, a lavar minha alma.
Eu disse, “vá agora”.
E ele jurou que eu é que iria voltar.
Ele vacila.

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