Magnólia: Do agreste, do Rio ou de Sampa.

Divirta-se.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Do agreste, do Rio ou de Sampa.

O cheiro de vida-mansa-de-interior entra pelo meu nariz e penetra meu cérebro. Uma vez lá, destoa meu conceito de high-society, mega festas, grifes e afins.
Vida mansa em Parati, ou Paraty e até mesmo Paratii, dependendo do quão Tupi você quer que pareça, seria assim: cheiro de mar, pão com manteiga, pescadores suados com o mesmo cheiro de mar, e cabana, cama, sofá e chuveiro meia boca. Delícia pura.
Uma enorme oportunidade de viver meu lado Tieta, usar chita, tornozeleira e viver marrom-dourado sem descascar nunca.
Seria um sonho; tão fugaz como uma bunda durinha, modelitos de última moda, namorado com convites para a programação completa de festas e jantares deslumbrantes.
Seria uma grande hipocrisia pelo jeito como eu sempre gastaria muito para parecer extremamente simples; como gastaria horrores para manter a tal cabana decorada com peças de papier machê que custam uma fortuna, bem, pelo menos as peças do Lúcio custam, mas são tão maravilhosas que não poderia viver sem; destoaria do meu lado Tieta.
Aliás, Tieta pós-moderna, siliconada e fã do GNT.
Nem mesmo eu posso acreditar em minha sobrevivência entre as montanhas e o cais. Mesmo gostando muito de Tom Jobin, Jorge Ben e Wilson Simonal. Mesmo com minha inclinação por umidade, hippies, violão e haicais. Jorge Amado.
Talvez essa não seja minha praia.
O mais intrigante é esta coisa de vocação. Interpretaria com tanta veemência a dança sedutora da ciranda; o gingado descolado das boêmias; as palavras de sentido duplo das poetisas. Além, é claro da embriaguez adocicada proporcionada por Gabriela on the rocks.
Poderia escrever em páginas coloridas frases desconexas e ganhar a vida com um decote e uma canga.
Bem, pelo menos agora, ainda sob o feitiço.
Pena que mesmo querendo muito absorver a ilusão, dá para ser sincero e defender o bom senso.
Uma mulher assim, como eu, que vive de meio termos e sessões de análise semanais não poderia viver apenas de brisa.
Mulheres assim vivem de crises existenciais e a certeza de que para deitar de vez na rede, ainda falta ralar muito.
Por fim, me resta a pele bronzeada, o sorriso da meiga e gentil dona da pousada e o inesquecível bar do Che.
Hasta la victoria siempre.
 
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