Eu tenho um cigarro pra te oferecer, o ultimo da carteira. Não importa que te faça mal, não vamos discutir princípios morais altruístas. Cada um sabe o que faz. Eu quero que você trague, e respire e se acalme.
Eu tenho um livro pra te emprestar, e tudo bem se você não o devolver, eu me acostumei a oferecer detalhes meus e dividir sem pestanejar minhas teorias obsoletas.
Tenho dedos de unhas roídas e um frio na barriga capaz de te congelar, mas não vá pensando que eu faço pouco caso, é que às vezes eu não sei me calar, ou fazer calar.
Eu tenho um assunto sem nexo demorado em se concluir e às vezes eu o começo com perguntas confusas e mansas, daquelas que você responde sem tirar os olhos da TV e então eu não me contento e você tem que olhar pra mim, e quando olha não me vê.
Eu tenho uma mania besta de achar que por mais que você me ame não irá aceitar o jeito como tudo me interessa; como eu me apaixono por tudo e nada, nada mesmo me sustenta. Vou morrer se você não me amar com gana. Eu só sei amar assim.
Eu te dei uma música preferida, te dei um gesto e uma vogal. Não me importo com sua maneira fria de olhar isso, eu sei que um dia encontrarei tudo guardado, cuidado e escondido em algum canto do seu guarda-roupa.
Eu tenho uma idéia e só você poderá me dizer se é bacana ou se há vantagem nela, eu tenho uma visão distorcida sobre alguns fatos e só você consegue me fazer enxergar que é feio ficar o tempo todo agradando meu vaidoso umbigo. Ainda bem que eu tenho você.
Quando você se cala, me dá um medo tão grande que então eu fico procurando o que te oferecer, abre a boca, tem brigadeiro, abre a boca, tem macarrão, abre a boca, tem pão com queijo, tem eu na cozinha, de calcinha, com a sua camiseta. A camiseta que eu dei pra você.
Veja, eu não sei ser exatamente o que você sonhou (você por acaso sonhou com alguém mimada, insegura e que não sabe se calar nunca?), apesar de já saber que você não se preocupa em sonhar muito e que tem o costume de ficar com os pés no chão, rentes, firmes e apontados para direção certa.
Eu tenho um discurso para lhe apresentar meu amor, com um vale de dois bocejos no primeiro ato, no segundo as coisas esquentam e aí você terá de se concentrar se quiser fazer alguma reivindicação. Eu quero que você esteja sorrindo quando eu terminar, porque nada lhe ofereço e nada desejo senão uma demonstração afetuosa de seus dentes ilustres.
Divirta-se.
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