ritmo

Eu tenho mãos em bolsos estratégicos. Eu tenho tido sonhos de epiléticos, eu tenho um corte de hemofílico.
Meu suor não vem do esforço, meu paladar não descobre o gosto, meu descaso é compromisso. Eu sou, ainda, aquela maluca.
Eu atravesso ruas de ontem e aceno para buzinas silenciosas. Olha lá, sou eu.
Fecho olhos e não vejo cores. Fecho os olhos e o que vejo é o cheiro. Ainda há cheiro, ainda há.
Eu não meço nada pelo tempo, eu não tenho idéia do tamanho. Meu umbigo é narcisista. É falso moralista, é sem-vergonha.
Ri quem tem motivo. Felicidade não é destino. Eu tenho pedras no caminho, as do sapato, eu já tirei.
Eu sou o que tudo mundo pode ver, mas quer duvidar.
Tenho segredos escancarados, dedos empoeirados e saliva com gosto de pimenta. Servindo o rei, sou a rainha, servindo a mim, serei o rei. A majestade é toda minha, eu sei que é.