Ofereço um trago. A boca fala feito papagaio, e nada diz.
Ouviu o que disseram de nós?
Como se nós já não nos julgássemos o bastante, sempre a procura de justificativas para atos desmedidos, infames. Tudo se parte nesta baboseira de chamar de inicio, de rotular o que é meio, de concluir que é o fim. Quem é que nos obriga ser tão cretinos?
Diz para que se calem, não quero ouvir de você o ruído das vozes de estranhos. Faça antes de tudo um balanço, exprima apenas o que é teu. Quanta tralha se junta com essa mania de propagar o que é do outro? Não vamos ferrar a oportunidade de ser. E assim já me bastaria.
Tenho desejos que não poderia dizer, e o que é isso senão uma circunstancia? Perco eu por não fazer. E quando eu morrer, morreu o todo, que foi apenas metade. Irão dizer como fui boa, ou então, maldades. Que se danem todos, quem morre são sempre os outros, o fim pertence ao morto. Mas já não quero ser sombrio, sou eu Bovari, vez ou outra quero ser Leila, juntando os cacos aqui e ali, tornando nostálgico ou imbecil o que é apenas existência. Me diziam quando pequena o que era bom e o que era ruim e assim ainda o fazem, e assim faço eu com os outros. Tenho vergonha de pertencer aos outros. Eu quero meu palco, meu trago, minha beleza quando triste, e minha vulgaridade quando feliz. Não vamos deixar que nos digam o que nos cabe, que o inferno é logo ali. Eu não vou morrer de medo. O tédio é que é de morte. Sorte minha poder berrar quando quero e se me disserem: menos, direi, não fode.
Merci.
Divirta-se.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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