Magnólia: Terça

Divirta-se.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Terça

Meus pés sobre a cadeira, afirmação.
Aquele frio e mesmo assim eu não dei as mãos.
Eu, mais do que apenas ler as legendas, estava querendo saciar os conflitos da mente.
Eu, muito mais que tudo, queria um confronto. Eu comigo mesmo.
Como é que consigo fazer aquela cara de besta e engolir os sapos que venho criando desde girino?
Mastigar a pipoca com manteiga como se fosse o combustível necessário pra passar mas uma noite sem saber se vou ou não destruir o contexto cinema, pipoca e suco de tangerina.
Será que na vida da gente sempre vai haver um momento onde os sonhos parecem vizinhos de porta, mas você não sabe como é que se toca uma campainha?
Melhor sair correndo, fazendo cara de assustado ou a famosa expressão eu não queria mesmo.
Pra tudo na vida existe versão, caras e bocas. Se bobear um corpo inteiro de modos e meios de simular reações que substituam aquelas que não mostramos nem pro espelho.
Ontem eu fiquei de mal, mas ele não sabe.
Fiquei achando que duas pessoas que se amam não podem ter opinião contrária.
O tempo todo eu torci pro bandido ficar com a mocinha, sumir com ela naquele Mercedes conversível e de um jeito meio torto serem felizes para sempre ou até que o dinheiro e o sex appeal do bonitão acabem.
Mas os roteiristas estão cada vez mais românticos e o meu namorado está sempre com a razão, incrível.
Visto minha armadura solitária e aguardo ansiosa minha próxima sessão com a pscicanalista.
Não quero mais suco de tangerina, talvez um cigarro, vilões adoram coisas deste tipo.
O mocinho me dá a mão e me leva até em casa.
Na porta a gente se beija, diz que se ama. Exijo desculpas.
Mas é claro que é de mim mesma.

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