Sobre nós dois, que pena.
Sobre vocês, que triste, que feio, que babaca.
Sobre ele, está valendo a pena.
Eu não saio mais pisando forte pela rua Benedetti, eu espero o farol, sem esperar que ele me sirva pra algo. Eu atropelo meu pensamento com a buzina do caminhão.
O reflexo já não me reconhece, e a padaria não mais recebe minhas visitas.
Eu cansei de sorrir pro mundo. Eu o ouço num silêncio profundo, quando passo. Ele sabe que eu estou feliz, quando se pode ser.
Eu passei por aí, mas agora não entro mais.
Eu estive num banho quente, em alguma manhã fulgáz de quinta – feira, tomando o café mais doce, com a avó mais doce, na casa mais decorada em que eu já estive.
Eu não saio mais apressada, corrigindo o excesso de blush e o rímel que borrou. Eu não peço mais alguns minutos, ou digo que já estou no elevador.
Agora quando o motorista me olha, não me deseja mais bom dia. Não me chama de amor. Ele sabe que eu acabo voltando mesmo assim. Ele me confunde com alguma atriz de novela. A gente ri, ele vai contar pra esposa. Eu o vi num instante feliz.
Vou entrar em silêncio, e sorrir pra pequena.
Eu aprendi a brincar com as minhas neuras. Eu aprendi a ser previsível. Eu não vou mais abrir feridas em meus punhos.
Eu estive em alguns lugares, em algumas ruas, em algumas salas de cinema. Eu estive sobre o peito, estive sobre as pernas e em quartos ímpares.
Semana passada, eu estive sobre os degraus de uma bela casa, cantando as músicas da velha guarda. Estive sorrindo, com as bochechas queimando por causa da vodca. Eu estive vivendo a minha existência perfeita, com a alma livre, de peito aberto.
Estive onde você não entra.
Eu disse alguma coisa sobre dignidade e honra, no mesmo instante em que você fingiu não ouvir nada.
Que pena.
Divirta-se.
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