Eu conheci uma garota simples, do tipo que sorri para qualquer um, e diz bom dia para todos os rostos.
Ela tinha os passos largos, apressados, falava rápido e alto, divertia. Não havia neblina em seus olhos, o brilho era ofuscante, como se fosse durar toda vida. Ela carregava uma bolsa que mais parecia a Caixa de Pandora, ora saia cigarros, fio dental, ora escorria cartas românticas, bilhetes de metrô, coisa e tal.
De passado ela se vestia, como alguns diziam, ela não se definia, tamanho absurdo que era.
Das expressões baixas, dos termos chulos e tudo que em sua boca cabia, o que a garota dizia fazia um sentido que doía, como se ela soubesse todos os segredos e de segredos se alimentava todos os dias, ela era poesia.
O mundo lhe pesa nos ombros, mas ela o carrega com sincronia, com as mãos soltas e os pés voando.
Quem a viu, no primeiro encontro já deseja seu riso, suas frases, seus vacilos. Ela tropeça em sonhos e mantém, mesmo sem disciplina, a inocência de quem é quase menina, quase mulher amante.
Um mistura de Jorge Maravilha e Jorge Ben Jor.
Ela confunde. Faz parecer fácil a vida que leva, leve, os problemas que carrega, faz tudo parecer coisa do destino.
Uma mulher de muitos amantes, amor de um só menino; ela conquistaria a simpatia de um monge, que no ímpeto de lhe oferecer abrigo lhe traria chá quente, vestido. Ela então, em toda sua simpatia, agradeceria a oferta e numa noite vulgar, com o mesmo ar que umedece todas as noites, partiria sem culpa.
Assim eu a vejo ainda hoje, neste misto de fantasia que inventei para invejar a distância entre a garota clandestina e eu.
Divirta-se.
terça-feira, 20 de junho de 2006
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Um comentário:
Ah!
me derreto!
hahaha
valeu gatona!
beijos!
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