Ele não tem mais vontade de conspirar contra o meu governo.
Vive de meios sorrisos, míseras palavras, beijinho meia boca.
Eu não quero mais aquela cara de quem não sabe para que lado vai correr quando a chuva chegar. Eu estou ensopada com a água morna que ele me oferece para beber.
Ontem à noite, entre os meios termos e os meios gestos, ele pegou minha mão quando o farol fechou, mas não soube segurar direto meus dedos gelados, não sentiu meu pulso; então morri ali, de mãos dadas com a sombra de quem ele já foi.
Quando a música toca, não diz mais nada sobre a nossa força e a nossa beleza em se completar, apesar das loiras falsas, dos falsos rebeldes, dos sem par; apesar da mania de fuder constantemente com tudo e depois deitar no colo, esquecer do mundo.
Penso que agora nós iremos ouvir as músicas tristes, já que não há conserto para nossa cara quebrada, não há palavra que transforme a merda toda em coisa boa.
Ele não cabe mais em mim, ele agora vai passear com as meninas cor de rosa.
Elas vão rir das suas piadas, vão curtir a suas músicas, amar sua coleção de camisetas descoladas. A diversão das meninas é sempre mais leve, e não tão cheia de interrogações e palavrões sussurrados.
Eu vou continuar com o peixe cru, com a preocupação em não trocar os talheres, com cheiro de maresia bem embaixo do nariz. Isso e mais uma caixa listrada que, ainda bem, cabe no armário.
Ela pesa demais, para carregar por aí.
Divirta-se.
sexta-feira, 2 de junho de 2006
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