Senhoras e Senhores, apresento-lhes: o meu nariz.
Não tão diferente do meu umbigo, cínico e impreciso, o meu estimado nariz é um irresponsável. Volta e meia oferece palpites descabidos, de total non-sense, perdido na estupidez de oferecer exatamente tudo aquilo que eu não sei.
E o que eu não sei meus amigos, é necessariamente aquilo de que mais preciso para viver na paz de deus.
Mas meu nariz discorda, e tão seguro de si discorre sobre todos os tipos de assuntos, o que me torna automaticamente, doutora em relacionamentos furados, dor de corno, ex-namorada desprovida de carinho e afins. E “afins” é o que mais existe neste mundo, acreditem.
Não sei o que pensa este que, deveria se limitar a escorrer, fungar e entupir. Não sei o que ele tem na cabeça, e se nariz tem cabeça deveria também ter também consciência, mas não tem. Coitada de mim e daqueles que se prestam a ouvir discursos autoritários, criticas obscenas, conselhos marmelada.
A amiga brigou com o babaca que nunca foi namorado dela. Mas foi ele quem a comeu daquele jeitinho meigo e foi por ele que ela decidiu passar por todos seus princípios de pós-adolescente. E agora, por um desses mistérios da vida moderna, ele cansou do rebolado dela e pegou a primeira loira desiludida que passou cantando: “...sou cachorra, sou gatinha...”.
Pois é, não adianta se esquivar, eu já estou com meu nariz preparado para se intrometer na vida da pobrezinha. Milhões de idéias transbordam pela minha mente. Ela sabe o que fazer, todo mundo sabe o que fazer, mas é preciso perguntar, é preciso ter um nariz alheio lhe apontando o caminho. E o meu tem mapas, atalhos e meios de fazer com o que o conselho seja quase que hollywoodiano, uma atitude que envolveria lipoaspiração, mudança de cor de cabelo, personal trainer e é claro, um moreno alto. Talvez o próprio personal, por que não?
Pode até dar bilheteria, mas e aí, funciona?
Eu não arriscaria. E é por isso, que me lamento profundamente por ter um nariz tão criativo tão cheio de auto-estima.
Os exemplos são muitos, e as histórias corriqueiras. O meu blá, blá, blá é interminável, repleto de baboseira pseudo-intelectual. Mas o maior problema agora vem do já mencionado umbigo. O meu. Aquele que, de tão vaidoso, sente-se orgulhoso em ter ali, tão perto, um nariz aconselhador. Saudoso, ele concorda e encoraja o nariz-sabe-tudo.
É de seu interesse pessoal manter contato com um tipo assim, tão ilustre.
Rafa, espero que você leia este texto e possa dar umas boas risadas. Muito esperta essa sua carta. Você é mais amigo que publicitário, ainda bem. (embora, como amigo nunca tenha me pago uma tigela de acaí, apenas aqueles cafezinhos meia-boca).
Parabéns e boa sorte.
Divirta-se.
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