Química esquisita;

Fico assistindo, concentrada, seus gestos, mas nunca o vejo coçar o saco.
Incrível não haver uma teoria sobre este tipo de cara. Bem, algumas eu mesma invento, mas quando tento, logo vem a dúvida se esse não é apenas o meu jeito de ver as coisas e daí uma inverdade total.
O meu jeito de ver as coisas é um tanto primitivo, eu ainda minto, invento e calunio com infames representações daquilo que seria a verdade.
Eu não tenho histórico de boa menina e mesmo que fosse eu, um menino, ainda assim o histórico seria péssimo; provavelmente seria um daqueles caras que vive arrotando na cara de todo mundo e não pendura sua toalha molhada. Nunca.
Ainda ontem, com um pouco dessa dose extra de convívio eu fiquei pensando se quando a gente ama, pode, ainda assim, ser o inimigo um do outro. Creio absurdamente que sim.
O princípio ainda seria a triste história dos bilhões de casais que sofrem alguma mutação genética ou sei lá, e acabam gordos e anti-sociais assumidos. Acabam com a vontade de ser casal, de escutar música romântica da Cássia Eller e de viajar para algum canto apenas para se trancar em um apartamento qualquer, que tenha uma cama qualquer e um edredom com cheiro de mofo. De qualquer jeito, ainda que o amor exista.
Eu tenho fome daquele jeito manso que vive me enterrando em planos; tenho pressa em ficar quieta quando ele é que está falando.
E o que eu não quero, vou acabar vomitando, seguindo a ordem natural das coisas, é claro.
Há pessoas sofrendo caladas pelo mundo, com um arquivo imenso de pretextos que não se encaixam e que não combinam. Conheço gente mentindo para o espelho, munindo-se de trejeitos, pensando apenas em si mesmos. E ainda, há aqueles que nunca coçam o saco ou foram sempre tão bonzinhos.
Creio absurdamente que a verdade só existe quando conseguimos superar todos os grandes mitos, diariamente propagados.
E isso, meu amigo, é difícil pra caralho.